quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Do melhor amigo e da fábrica abandonada..

Nós já havíamos beijado algumas vezes na minha casa antes, ao meio de muita pinga e Björk - coisas que eu confesso, não combinam! Eu o conheço desde os 15 anos, meu melhor amigo - ainda que estejamos um pouco distante atualmente. Me apaixonei pela sua voz, seu cabelo comprido e bagunçado. Amei o seu gosto por bebidas e música. Me ensinou a tocar violino e tirava a roupa na minha frente. O jeito como ele se tocava e o seu corpo heterossexual me faziam chorar.
Ele me entendia, ouvia e me afrontava com suas perguntas. Pediu para experimentar meu beijo e meu toque. E por mais que eu o beijasse, e por mais que eu manchasse seu corpo com minha mão suja de experiências passadas, eu nunca consegui realmente tocá-lo.
Aos dezoito anos nos encontramos numa das - podres - praças que eu frequentava nas minhas madrugadas. Meu ar arrogante afetado pelo álcool e drogas não parava de encará-lo. Agarrei uma menina e comecei a me esfregar nela na frente dele, convidando-o a se juntar. Peguei no seu pau, na sua bunda. Lambi sua orelha e puxava seu cabelo.. caralho, eu só tinha que fazer o que eu ainda não havia conseguido fazer.
Eu, ele e duas meninas fomos para o que sobrou de uma fábrica - naquela época em reforma -, pulamos o muro e no meio do pátio começamos a nos agarrar. Não me lembro bem de como, mas em certo ponto já estava deitado naquele chão sujo enquanto as duas meninas estavam transavam mais ao lado.. Eu aproveitava o gosto salgado dele, o gosto usado dele. Ele descobria o meu corpo e se excitava. Somente naquele instante eu estive dentro dele, mas posso afirmar que estive. Depois de algum tempo arrancando peças de roupas, mordendo e degustando eu fui embora e deixei aquelas garrafas para trás. Deixei aquele povo que não dorme, deixei a lua.. voltei pra minha cama, mas uma vez sujo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Dos meus remédios..

Sempre gostei de saber exatamente o que eu estava usando, e como isso iria me comer por dentro. Eu podia ver claramente isso corroendo tudo aquilo que tocava, destruindo meus órgãos e manchando meu sangue.. como um fungo crescendo dentro de mim.
Quando eu tinha 14 anos eu era um especialista em remédios. Sabia quais usar, sabia qual era a dosagem certa, decorava nomes e 'ares'. Por favor, não estou falando em usar remédios com sua verdadeira finalidade - curar.
Eu curava - isso sim - era meu tédio com misturas de anfetaminas, ansiolíticos, anticonvulsivantes e álcool. Eu queria atingir um grau em que eu entrasse em outro lugar, que me fizesse esquecer do que via, do que sentia, do que não passava.
Naquela época estava longe de possuir o poder aquisitivo que hoje tenho, usava roupas que hoje já não usaria mais. Da minha boca saiam gírias que hoje não saem mais.
Estava com uma amiga e íamos encontrar meu ex - aquele que havia me levado na festa do traficante. Passamos na farmácia - anfepramona, berotec, benflogin, rivotril. Misturamos com muita cerveja, muito vinho.. Moíamos o remédio, cheirávamos tudo de uma só vez. Me lembro que deveria ser umas 16 horas da tarde, numa praça no centro da cidade, com aquele sol relativamente forte.
Bebemos durante horas, e ingeríamos mais e mais remédios. Fomos parar na casa do meu ex para pegarmos remédios para câncer, que a vó dele - hoje falecida - tomava. Tomamos uns e cheiramos outros, bebemos mais. Provavelmente eu devo ter tentado transar com ele, mesmo tendo pessoas no quarto, assistindo cada cena que eu protagonizava. Hoje, vejo que nem que eu quisesse eu teria conseguido devido ao meu estado. Me lembro de chegar em casa visivelmente desorientado, dançar na sala num pico de energia. Acordei no dia seguinte não entendendo nada do que as pessoas me falavam.. as vozes distantes, as imagens como que irreais. Foram dois dias fora do meu estado normal de consciência - e sim, o conjunto das minhas experiências devem ter deixado marcas no meu corpo, não só da violência provocada e sofrida mas também do consumo desenfreado daquilo que fode, que machuca. Do meu auto-consumo.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Dela, da faca e do inacabado..

Quando você encontra alguém com quem pode compartilhar mais do que suas palavras, alguém pra quem você entrega sua intimidade.. a separação é violenta. Sinto essas marcas, choro pela sua falta até hoje. O que aconteceu entre nós foi de uma pureza enorme. Começou de uma forma meio estranha - tomando champagne numa praça - mas foi evoluindo de forma rápida e potente. Ela fez todos os maiores papeis na minha vida. Ela foi minha mãe, minha mulher, minha amante, minha santa e minha puta. Com ela eu bebia, me calava, me drogava, chorava e ria.
Naquela tarde em que eu estava sozinho em casa - enchendo a cara feito um porco - resolvi chamá-la. Ao som de "Spiel mit mir" do Rammstein nós nos beijávamos, tocava sua cintura e seus peitos. Como eu adorava aqueles peitos. Os mais bonitos que eu já vi. Eu já estava visivelmente alterado pelo álcool enquanto - jogados no chão da sala - eu tentava de alguma forma tomar posse de toda a sua pele.
O whisky ia deixando um cheiro de álcool na sala. Pedia pra ela me bater. Tapa na cara. Mais forte, mais forte. 'Sua vez de apanhar'. Ela estava assustada, e ficou ainda mais quando peguei as velas e a faca. Era somente uma experiência - nenhum dano permanente seria feito naquela tarde. Enfim, ela não queria. Terminei molhando minha calça ao som da música que tocava, a bebida no seu sangue, e a visão do seu corpo meio que jogado ao meu lado. Querendo mais, querendo ir. Mas tudo teve que parar quando meus pais chegaram.
Foi quando ela disse que comigo ela não iria aguentar, que broxou.
Ela me deixou de forma rápida e bruta - de uma forma que eu nunca consegui deixá-la.. e até hoje amargo a sua ida. Não avisou que ia embora e nem deu explicações, apenas acordei e ela já não estava mais lá pra mim. Eu a vejo pelas ruas e lugares que antes frequentávamos. Sinto vontade de correr atrás dela, trazer ela de volta pra mim - minha doce vida. Inacabada.